sexta-feira, 4 de maio de 2012

Material de mana - Primeira semana de maio/2012


POR FAVOR TRAGAM O TEXTO NA AULA

Terciário

Fonte: http://www.fgel.uerj.br/Dgrg/webdgrg/Timescale/qua-fram.htm

Definido pelo naturalista italiano Giovanni Arduino em 1760 por analogia com as eras Primária e Secundária (atualmente Paleozóica e Mesozóica). A subdivisão dos períodos foi proposta pelo geólogo escocês Charles Lyell in 1883.
Esse período durou de 65 a 1.8 milhão de anos. Seu limite inferior corresponde ao aparecimento da nova fauna que se instalou no nosso planeta, após a grande extinção do final da Era Mesozóica .
O limite superior corresponde ao aparecimento do homem.
A flora do Terciário não difere muito da do Cretáceo, sendo que merece destaque o desenvolvimento de arbustos e forrações. Já a fauna é bem diferente, apresentando animais bastante semelhantes aos que ocorrem hoje, com destaque para as aves e mamíferos que se diversificaram amplamente.
A configuração atual das massas continentais se desenvolveu durante esse período. A maioria dos mares e oceanos modernos também já existia. O Terciário foi um tempo em que se alternaram grandes Orogenias, processos de soerguimento de partes da crosta terrestre, transgressões e regressões marinhas.
No final do período a extensão dos mares foi a maior da história da Terra.
Em termos litológicos predominavam as rochas sedimentares tais como calcários, arenitos, margas e conglomerados. Na área oceânica a espessura de sedimentos terciários pode chegar à 15.000m de espessura, como em Santa Bárbara, centro-sul da Califórnia). Já os pacotes de sedimentos não marinhos são pouco espessos, mas se extendem por grandes áreas no interior dos continentes.  Rochas ígneas ocorrem localmente, principalmente na orla do Pacífico, no Mediterrâneo e na Islândia.
No Brasil, as sequências sedimentares dessa idade se extendem de norte a sul do pais, cobrindo indistintamente o embasamento e as bacias paleozóicas e mesozóico-cenozóicas.
Na região amazônica ocorrem depositos de bauxita, e na região nordeste ocorrem níveis ricos em turfa.
A unidade mais representativa do Período Terciário, contudo, é o Grupo Barreiras, constituido de arenitos que se extendem quase ininterruptamente do Rio de Janeiro até o Pará, gerando, como feição característica as falésias do litoral do Brasil.
Quanto às rochas de orígem ígnea, temos rochas alcalinas na região sudeste (Província alcalina da Serra do Mar - Thompson et al., 1998) e derrames de basalto na região nordeste (Formação Macaú - in Schobbenhaus et al., 1984).
Pequenas bacias sedimentares de idade terciária ocorrem em várias partes do Brasil, como por exemplo as bacias de Itaboraí e de Resende, no Rio de Janeiro e a Bacia de Gandarela, no Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais.
  O Período Terciário é dividido em cinco épocas: Paleoceno, Eoceno, Oligoceno, Mioceno e Plioceno
O Paleoceno, época que durou de 65 à 54,8 milhões de anos, se iniciou com uma grande regressão marinha, fazendo com que se instalasse uma sedimentação em mares intracontinentais e estuários.
Os processos formadores de montanha atuaram localizada mas intensamente, como a Orogenia Laramide na Cadeia das Rochosas, América do Norte.
A fauna marinha é caracterizada por pelecípodes, gastrópodes, equinóides, e foraminíferos, sendo que esses últimos se tornaram muito abundantes. Como remanescentes do Período Cretáceo temos lulas, polvos, tartarugas, cobras e crocodilos, bem como a maioria das plantas.
A principal característica dessa época é a proliferação de pequenos mamíferos, ancestrais dos roedores, e primatas atuais.
Com a contínua movimentação dos blocos continentais, as faunas paleocênicas começam a mostrar uma individualização, como é o caso da Austrália, que apresenta até hoje fauna bem diferente dos outros continentes.

 
O Eoceno, época que durou de 54.8 à 33.7 milhões de anos, se iniciou com uma generalizada transgressão marinha, cobrindo vastas áreas continentais com calcários e argilitos. De modo geral, os estratos eocênicos incluem diversas rochas de orígem sedimentar (marinhas, estuarinas, continentais, etc.),
e rochas ígneas.
No Eoceno médio se instalou uma instabilidade tectônica, caracterizada por uma quebra no registro sedimentar e por mudanças texturais nos sedimentos, refletindo retrabalhamento. Essa instabilidade tectônica perdurou até o final dessa época.
A vida no Eoceno foi uma amplificação da vida paleocênica. As aves se diversificaram bastante, incluindo o aparecimento de várias famílias modernas. Peixes ósseos também floresceram nessa época. Microscópicos organismos planctônicos, como os foraminíferos eram abundantes nos oceanos.
Nas áreas continentais isoladas a fauna se desenvolvia de forma endêmica. Localmente se desenvolvem grandes aves similares ao avestruz. Os mamíferos agora abrangem morcegos, esquilos voadores e pequenos carnívoros. Dentre os animais de grande porte aparecem ancestrais dos rinocerontes, cavalos, baleias e peixes-boi.
Como não havia passagem terrestre entre as Américas do Norte e do Sul, as faunas desses continentes se desenvolvem isoladamente.
Na região Andina ocorria a Orogenia Incaica (42 milhões de anos) (Bussel, 1983).

O Oligoceno durou de 33.7 à 23.8 milhões de anos.
A fauna marinha dessa época leva a pressupor um progressivo resfriamento na maior parte do globo. Na região mediterrânea, contudo, recifes de coral semelhantes aos atuais recifes do Caribe indicam clima tropical.
Durante o Oligoceno predominam as rochas sedimentares, com característica principal de intercalação lateral entre fácies marinhas e continentais. Esse registro, no entanto, é descontínuo, e em várias localidades localidades não se encontram rochas dessa época.
Processos formadores de montanhas de larga escala são observados, como por exemplo a Orogenia Ynesiana na América do Norte e a Orogenia Alpina na Europa.
De modo geral as faunas marinhas oligocênicas eram fragmentadas. Por outro lado, algumas áreas continentais que estavam isoladas se reconectaram devido à processos epirogenéticos, principalmente na América do Norte, permitindo a migração de alguns mamíferos, como tapires e variedades de rinocerontes.
Animais marinhos como os moluscos gastrópodes começaram a se mover para o Equador.
Mariscos eram bastante abundantes e alguns foraminíferos, principalmente as espécies menores, se diversificaram bastante. Os foraminíferos planctônicos, contudo, reduziram sua variedade.
O desenvolvimento das gramíneas permitiu o aparecimento de novas formas de mamíferos, como por exemplo os mastodontes.
Primatas primitivos (lêmures) ficaram restritos à ilha de Madagascar.
Aparecem as primeiras formas de macacos e de grandes primatas.
Os carnívoros se modernizaram, dando orígem à cães e gatos. Foi no Oligoceno que se desenvolveu o famoso tigre dentes-de-sabre.
Dez gêneros de aves atuais já viviam nessa época.
A passagem do Oligoceno para o Mioceno reflete uma diferença marcante entre a fauna anterior e a nova, observada nitidamente na Áustria, o que levou os paleontólogos a propor os nomes Paleogeno - correspondendo ao Paleoceno/ Eoceno/ Oligoceno - e Neogeno - correspondendo ao Mioceno/ Plioceno.

Quaternário
Fonte: http://www.fgel.uerj.br/Dgrg/webdgrg/Timescale/qua-fram.htm

Definido pelo geólogo francês Jules Desnoyers em 1829, para caracterizar os depósitos recentes na França em analogia com as eras Primária, Secundária (atualmente Paleozóica e Mesozóica) e Terciária. Esse período se iniciou a 1.8 milhão de anos, e se estende até hoje. Seu limite inferior corresponde ao aparecimento dos hominídeos. Esse limite é questionado por alguns autores, que não consideram o surgimento de apenas uma espécie suficientemente representativo para a definição de um novo período. Não há diferenças marcantes entre esse período e o anterior (Período Terciário) nem no tocante à fauna, nem ao registro sedimentar. A característica mais marcante, contudo, é a ocorrência de sucessivos períodos de glaciação.
O Quaternário é um período de modelagem de relevo, com sedimentação predominantemente mecânica inconsolidada. Localmente há a ocorrência de lavas extrusivas, principalmente na região circumpacífica. A maioria dos processos quaternários continua hoje e continuará ocorrendo nos próximos milhões de anos.
No Brasil, os estudos sobre o Quaternário vêm se intensificando nas últimas décadas e incluem neotectônica, variações do nível do mar e flutuações climáticas.

Quaternário
Fonte: Stevaux & Parolin (2010) (http://www.livro.mauroparolin.pro.br/parolin_volkmerribeiro_leandrine.pdf)
Os processos geológicos atuam em diferentes escalas:  temporal e espacial. A  formação do oceano Atlântico, por exemplo, originado pela partição do  imenso continente de Gondwana é um processo que  já dura 135 milhões de anos. Por sua vez, os recentes  terremotos que atingiram o Chile e o Haiti  (2010), causando milhares de mortes, constituem processos  rápidos e  localizados. Um dos processos geológicos mais importantes é a glaciação. Por uma conjunção de  fenômenos cíclicos  (oscilação da  intensidade de energia do Sol;alterações  no  movimento  da  Terra  e  o  próprio  efeito  estufa  na  atmosfera terrestre), o nosso planeta  se  resfria, provocando o desenvolvimento de uma glaciação ou de uma Era Glacial. No último bilhão de anos, a Terra passou por pelo menos seis eras glaciais, que duraram em média 20 milhões de anos. A última dessas eras  iniciou-se há 2,6 milhões de anos. Podemos assim afirmar que vivemos o  início de uma nova Era Glacial!
Tão grandes são as transformações na paisagem do planeta produzidas por uma glaciação, que os geólogos criaram uma divisão do  tempo geológico para esta última Era do Gelo  -  trata-se do período Quaternário  (Figura 2.1).
 
O Quaternário, está dividido em duas épocas: a) Pleistoceno, mais antiga e
mais  longa, que  se  iniciou há 2,6 milhões de anos e b) Holoceno, mais  recente, com 10 mil anos e que  se estende  até os dias de hoje.
Outro fato muito importante que se desenvolveu no Quaternário foi o aparecimento do Homo sapiens, há aproximadamente 500.000 anos. A presença do Homem no planeta é tão importante que os cientistas russos denominam esse período de Antropogênico, ou  seja, período do aparecimento do Homem. Para se ter uma idéia da intensidade das mudanças produzidas por uma glaciação,  tomemos  os  últimos  20.000  anos  da  história  da  Terra,  que correspondem a apenas um centésimo de todo tempo do Quaternário.   Somente nesse curto  intervalo:
a)  reduziu-se a área coberta pelas geleiras em dois  terços, em consequência disso, o nível do mar  subiu mais de cem metros;
b) as grandes  florestas  tropicais, até então  restritas a pequenas manchas, se expandiram por milhares de quilômetros quadrados;
c)  imensas áreas de  solo congelado converteram-se em  solos  férteis;
d) os grandes lagos terrestres, como o Baikal e o Titicaca, encheram-se de água doce;
e) os mamíferos gigantes que povoavam  a América do Sul  (Mamutes, preguiças e tatus com mais de uma tonelada) desapareceram, restando somente a nossa conhecida anta, o maior mamífero do continente;
f) mesmo o Homem, habituado a viver nas grandes savanas e cerrados, teve de se adaptar às florestas tropicais e abandonar seu hábito “caçador-coletor”
e criar a agricultura.
Todos esses  fenômenos são  tão  recentes na história do planeta que muitos deles ainda estão operando. Basta olharmos para o aquecimento global, hoje tão comentado. Após um ciclo de resfriamento encerrado por volta de 1850, seguiu-se  um  período  de  aquecimento  que  persiste  até  hoje.  É  muito  comum observarmos, no meio da mata pluvial, cactos solitários,  testemunhas de um clima mais seco, cujo desaparecimento não foi há tanto tempo,  a ponto de eliminá-los do ambiente.
A própria história do Homem está cheia de evidências de climas diferentes e de mudanças climáticas e ambientais drásticas e intensas. O Dilúvio, registrado em várias culturas espalhadas pela Terra, é um registro das intensas chuvas e da rápida subida do nível do mar que ocorreram entre 10 e 13 mil anos atrás. O aparecimento da agricultura, quando o Homem “expulso do Paraíso” deixa de viver apenas da caça das frutas da floresta e passa a plantar e colher, é um registro da melhoria climática que atingiu o planeta nesse mesmo período.
Também  no  Estado  do  Paraná  podemos  observar  as  mudanças  que ocorreram na paisagem nesse período geológico. Tanto o  litoral como as serras, as florestas  e  as planícies de nossos  grandes  rios  estão  cheios de  evidências das transformações que esse dinâmico período geológico causou em nosso estado.
Neste  capítulo  iremos  aprender  um  pouco  sobre  esse  momento  na história da Terra e como as glaciações nos afetaram e ainda nos afetam. Veremos também quais os métodos que  são usados para  identificar e medir essas mudanças, e  conheceremos o que  se passou no Estado do Paraná durante  a Última Era Glacial.

Importância da glaciação e dos estudos do Quaternário
Em 1840  Jean Louis Agassiz  (1807-1873) publicou o  livro “Estudos sobre as  geleiras”  no  qual  defendeu  a  idéia  de  que,  antigamente,  devido  a  um resfriamento climático, as geleiras alpinas teriam ocupado todo o vale superior do rio Ródano e  se estendido entre os Alpes e o  Jura. Posteriormente, ele demonstrou que a extensão de glaciares  teria ocorrido em  todo o mundo e em vista disso denominou este  período da história da Terra de "Idade do Gelo".
Com o tempo foi verificado que o planeta passou por vários eventos de glaciação  separados por períodos com clima  semelhante ao atual. Foi a partir dessas  idéias  que  estudiosos  passaram  a  defender  a  existência  de  grandes modificações  climáticas,  ligadas  a  períodos  glaciais  (frios)  e  interglaciais (semelhante  ao  atual). Estudos  realizados  em  diferentes  locais  do  hemisfério norte  e  no  fundo  dos  oceanos  identificaram  pelo menos  22  intercalações  de períodos  frios e quentes no último milhão de anos.
Ainda não foi encontrada uma causa específica para as glaciações, sendo a causa proposta pela Teoria Astronômica de Milankovitch uma das mais aceitas. Segundo esta Teoria, a  insolação  incidente sobre a superfície  terrestre depende de três parâmetros astronômicos cíclicos, ou seja, parâmetros que se repetem a cada intervalo  de  tempo  mais  ou  menos  constante.  Estes  parâmetros  são: excentricidade  da  órbita  terrestre;  obliquidade  da  eclíptica  e  precessão  de equinócio.
Como cada um destes  três parâmetros orbitais  tem ciclos diferentes, a interação entre eles gera uma condição aproximada de equilíbrio, o que torna a temperatura ligeiramente constante. O geofísico iugoslavo Milutin Milankovitch   (1879-1958) propôs a teoria de que em determinados momentos os três ciclos astronômicos poderiam coincidir, produzindo um período de reduzida insolação.
Atualmente os  cientistas  acreditam  que  não  apenas  as  três  variáveis astronômicas  seriam  as  responsáveis    pela  glaciação, mas  uma  conjunção  de variáveis. Entre essas  se encontram as de origem extraterrestres  e as originadas no
próprio planeta. No primeiro caso estão as variações das atividades solares e a presença de poeira cósmica entre o Sol e a Terra. As variáveis terrestres seriam a posição dos continentes e dos oceanos (que varia com o tempo geológico), as atividades vulcânicas que produzem os gases de efeito estufa e ultimamente a poluição atmosférica gerada pelo próprio Homem.
No entanto, nem todo o planeta sofreu ação direta das geleiras; no Brasil, por exemplo, não há evidências da ocorrência desse fenômeno. Contudo, devido ao  clima  mais  frio  durante  a  glaciação,  o  ciclo  hidrológico  (evaporação  e precipitação)  tornou-se menos  ativo  e,  consequentemente  o  clima mais  seco.
Assim, podemos pensar que para cada evento frio (Glacial) no hemisfério norte corresponde a um evento seco no hemisfério sul (Interpluvial). Por outro lado, eventos quentes (Interglacial) no hemisfério norte correspondem a períodos com clima chuvoso (Pluvial) no hemisfério sul. Como esses eventos são relativamente curtos em  termos geológicos, pode-se  imaginar o quanto o clima da Terra  se modificou durante as várias  intercalações glaciais-interglaciais.