Por Renato Lada Guerreiro*
Fósseis são os resquícios, restos ou vestígios de animais e plantas preservados, resultantes da ação de processos físicos, químicos e biológicos atuantes em ambientes deposicionais. Para incidir o processo de fossilização são necessárias condições anóxicas, ou seja, sem presença de oxigênio, de maneira que o organismo não se decomponha por completo. De modo geral, as partes duras, também chamadas de partes biomineralizada, como ossos, carapaças e conchas, em virtude de sua natureza possuem mais chances de fossilização. Contrariamente, as partes moles, como pele, músculo e órgãos, decompõem-se rapidamente após a morte do organismo, sendo sua ocorrência considerada um evento extraordinário e extremamente raro. Via de regra, depois que perecem, os organismos entram em estado de decomposição, onde serão por fim eliminados, destruídos ou reincorporados a natureza, encerrando o ciclo por qual passamtodos os seres vivos, visto isso, a fossilização torna-se possível que esses organismos fiquem preservados, pelo menos no registro geológico, e deve sempre ser visto como um fenômeno excepcional e de rara ocorrência. É importante salientar que a maioria dos fósseis existentes na Terra são encontrados em rochas sedimentares, não obstante é possível observar sua ocorrência em rochas metamórficas de baixo grau. Isso se deve a natureza dos eventos que cercam os processos fossilíferos. Condições especiais para preservação de fósseis podem ocorrer em ambientes comoturfeiras, lagos, lagoas, lagos asfálticos, poços de alcatrão, condições glaciais ou condições de clima seco e árido além do aprisionamento em resina (âmbar) proveniente de espécies gimnospermas e angiospermas. Em virtude dos diferentes materiais passíveis de fossilização, são raros os casos de preservação de organismos com partes duras e moles, sobretudo partes moles. Como dito anteriormente, somente algumas condições especiais são capazes de resguardar tais partes, entretanto, cabe destacar alguns eventos: a) soterramento abrupto; b) aprisionamento em âmbar; c) desidratação sob condições áridas, tratada também por alguns autores como mumificação; d) lagoas asfálticas e turfeiras, devido suas propriedades que inibem o processo de decomposição possibilitando a conservação; e) mineralização dos carbonatos, sulfetos e fosfatos; e f) congelamento sob condições glaciais. As partes duras podem ser agrupadas em: i) incrustação, na qual as substâncias, como a calcita, são transportadas pela
água e cristalizadas na superfície da estrutura de forma a revesti-la possibilitando sua preservação; ii) permineralização, quando um mineral como sílica, cálcio ou carbonato preenche os poros e cavidades existentes no organismo preservando sua estrutura original (esse é um tipo bastante comum de fossilização); iii) recristalização, quando ocorre uma modificação na estrutura cristalina, mas sem modificação da composição química; iv) carbonificação, processo de perda gradual de elementos como oxigênio, hidrogênio e nitrogênio são liberados, restando apenas películas de carbono mantendo por vezes a microestrutura dos organismos e v) substituição, quando uma substância é substituída por outra, mas mantêm-se a estrutura original.
Fóssil de Trilobita em rocha sedimentar (folhelho) Período Devoniano da Era Paleozóica.
Foto: PAROLIN, M. Lepafe/Fecilcam.
*Pesquisador do Laboratório de Estudos Paleoambientais da Fecilcam.